Gol de Letra e Bienal de SP promovem formação de educadores e jovens

Uma parceria entre a Fundação Gol de Letra e a Fundação Bienal de São Paulo promoveu, em maio, uma formação para os educadores e os jovens acima de 14 anos atendidos pela Fundação. Intitulada de “Encontro com as Artes: Imagem e Memória”, a formação promoveu práticas inspiradas em jogos e exercícios teatrais, além de debates e reflexões sobre raça, classe e gênero a partir de obras e artistas presentes na 34ª Bienal de São Paulo, com a mostra “Faz Escuro Mas Eu Canto”.

Foram realizados dois encontros de formação para os educadores da Fundação e um para os jovens atendidos. O encontro foi online, através do Zoom, e reuniu cerca de 65 atendidos pela unidade de São Paulo, que foram divididos em duas turmas, sendo uma com jovens entre 14 e 16 anos, e outra com jovens a partir de 17 anos.

Inicialmente, os mediadores da Bienal apresentaram diversas obras e artistas da mostra “Faz Escuro Mas Eu Canto” e incentivaram os participantes a interpretá-la, enxergar de que forma aquelas obras se relacionavam com sua realidade e o que significavam para eles. Frida Orupabo e Jaides Esbell foram dois dos artistas cujas obras foram apresentadas, levantando debates sobre raça, identidade e gênero.

O educador Matheus Silva, que ministra oficinas de audiovisual, ficou surpreso com o grau de envolvimento dos jovens. “Os jovens debatiam com naturalidade, sem momentos de ‘silêncio constrangedor’. O sucesso desta atividade também se reconhece na quase unanimidade de câmeras ligadas pelos jovens presentes em praticamente todo o encontro, o que impulsionou a qualidade da interação online”, avalia.

Matheus também comentou a qualidade do debate pensada pelos mediadores. “O caminho pedagógico proposto foi muito pertinente com relação à trajetória pessoal dos jovens presentes, que inúmeras vezes puderam verbalizar anseios, inseguranças e desejos a partir dos estímulos visuais dos trabalhos e das perguntas propostas ao longo do percurso”.

A sinergia entre os temas propostos no encontro e as práticas pedagógicas que já ocorrem na Fundação Gol de Letra também não passaram despercebidos pelo educador. “O encontro constituiu uma oportunidade excelente de formação para os jovens atendidos pela Fundação Gol de Letra, possibilitando aos educadores desta organização a continuidade de debates ali iniciados em suas próprias práticas pedagógicas dentro do escopo das oficinas e dos projetos nos quais atuam na comunidade”.

A mostra “Faz Escuro Mas Eu Canto”

O projeto curatorial da 34ª Bienal de São Paulo, “Faz escuro mas eu canto”, reconhece a potência que existe em reunir um grande conjunto de obras, condensando o trabalho de uma centena de artistas e outros pensadores num único espaço, sob um único título.

A partir de conversas sobre as pesquisas e estratégias de alguns artistas, preocupações e interesses compartilhados foram se agrupando, se repetindo e ganhando contorno. Conscientes, também, das limitações e contradições do formato de exposições de grande porte, e buscando dialogar com os públicos, tão amplos e tão distintos, que visitam a Bienal há décadas, a proposta é expandir esta edição ao longo do ano e pela cidade.

Saiba mais sobre a 34ª Bienal de São Paulo e a mostra “Faz escuro mas eu canto” neste link.

Exercícios artísticos

Após esse momento de leitura das obras, foi iniciado um jogo teatral entre os participantes. As sugestões de práticas corporais apresentadas foram relacionadas ao teatro e desenvolvidas antes da pandemia, segundo os mediadores.

O desafio proposto foi criar um autorretrato com o tema meus desejos. Os participantes foram convidados a refletir por 5 minutos para elaborar suas obras e depois, com a câmera ligada, ficaram parados por 30 segundos em uma pose, mostrando seu autorretrato. Os participantes que não realizaram o desafio puderam propor leituras e interpretações, e então os jovens autores tiveram a chance de explicar seu próprio conceito.

Segundo os jovens participantes, a formação despertou a curiosidade pela arte e por conhecer mais a fundo a 34ª Bienal de São Paulo. Confira alguns relatos:

“Eu achei uma experiência incrível, pois como eu não conhecia a Bienal, eu pude conhecer mais sobre ela, sobre os artistas que passam, já passaram e ainda vão passar por ela. Pode conhecer aonde se encontra o Pavilhão da Bienal, lá no Ibirapuera. Conheci obras e artistas, espetaculares. Por fim, nós fizemos um ‘espetáculo’ assim com o tema: ‘Meus desejos’ e podemos participar de maneira interativa como artistas e plateia. Foi muito legal, espero ter a oportunidade de um dia poder ver as obras pessoalmente e conhecer o pavilhão” Tayanna de Paulo Borges, 15 anos, educanda de marcenaria e monitora

“Gostei de participar da Bienal porque foi bastante interativo com todos, tanto das obras virtuais que foram apresentadas e dos tópicos discutidos quanto a parte dos ‘meus desejos’ onde éramos para posar em uma foto, eu espero participar novamente desse evento… porém presencialmente para obter a experiência completa” Pablo Ribeiro Ferreira, 16 anos, monitor

“Eu gostei demais da formação de ontem, adorei conhecer novos artistas e poder conversar sobre suas obras, o que me fez refletir sobre quem eu sou e o que eu desejo. Foi incrível” Alana Campos, 16 anos, educanda de Audiovisual

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